A Sylvannas é vilã, porém é muito diferente da forma como a desenham.
Matar alguém arbitrariamente sem saber a respeito da vida pós a morte (shadowlands) tem um grau de maldade, porém o morticínio tem medida e peso muito diferente quando o autor conhece inequivocadamente o pós-vida e sabe a consequência da morte. Uma coisa é assassinar alguém sem se importar com a interrupção da vida alheia, sem ligar em acabar com a fugaz centelha de existência da vítima, sem considerar ou prezar as consequências de seus atos. Outra coisa é “assassinar” alguém ciente da realidade da morte e com noção plena do destino das almas ceifadas, entendendo que, após a morte, as almas permanecerão conscientes, autônomas e imortais, podendo até mesmo considerá-las “vivas”, assim por dizer. Com isso é possível retirar muitos pontos de vilania da Rainha Banshee quando ordenou essa destruição toda porque havia nela noção das consequências de seus atos, valendo-se dessa chacina tão somente para atingir o objetivo maior de “interromper o sistema injusto da morte”.
Se agiu corretamente ou não são outros quinhentos, no entanto é deveras fácil para alguns mais incautos avaliar a moralidade de uma conduta depois da geração do resultado, porém, quando tentamos avaliá-la no momento da tomada de decisão, quando tudo ainda está em terreno neutro, meio cinza, confuso ao ponto de ninguém conseguir dizer se aquilo daria certo ou errado, dai a coisa fica mais complicada.
Ninguém acorda pela manhã pensando “hoje eu vou fazer maldade”; e com isso, a Sylvannas, embora errada, tinha seus motivos. Até mesmo Sargeras ou o carcereiro tem seus motivos!
Foi-se o tempo dos “power rangers”, onde existiam apenas mocinhos e monstros, bem e mal. “Na realidade”, todo mundo é um pouco de tudo e as piores atitudes são geralmente tomadas com as melhores das intenções, situação nitidamente percebida pela sensibilidade dos roteiristas ao desenvolver a Rainha Banshee.